coisas_simples_##
nº.90
imagem simples:
Ciclista em contra-luz, no Passeio Marítimo junto ao Cais do Sodré e ao rio Tejo, em Lisboa.
Ao final do dia 30 de Janeiro de 2012, com a Cláudia.
[foto: nokia 5228]
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excerto simples:
"O Sr. Napumoceno levantou-se e passeou pelo gabinete, primeiro em grandes passos de cabeça erguida e mãos a abanar, depois em pequenos passos, mãos atrás das costas e cabeça descaída para o peito. Mas assim passeando uma intuição o fez sentir que não estava só. E reparou que uma réstia de luz que normalmente se coava por baixo da porta não marcava naquele dia a sua presença habitual. Abriu a porta de rompante e Carlos ia-lhe caindo para dentro do gabinete, mas mesmo assim o Sr. Napumoceno admirou o sangue-frio do rapaz que dizia, embora um tanto atarantado, que ia justamente bater, saber se estava tudo em ordem. Estiveste a espreitar-me?, perguntou a voz colérica do Sr. Napumoceno, mas Carlos sorria, que ideia, tio, estava apenas preocupado consigo, com o seu estado, vi-o chegar bem disposto e de repente aquela aflição anormal, penso que o tio está a esconder-me qualquer coisa. Rapaz, disse o Sr. Napumoceno já manso, estou farto de dizer-te que segredo deve ser só de um e mesmo assim já é de mais. De dois então é péssimo."
[Germano Almeida, O Testamento do Sr. Napumoceno da Silva Araújo, ed. Caminho, 2.ª edição, 1997, p.126-127 (edição original: 1991)]
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