2013-01-19

coisas simples 96

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nº.96

imagem simples:



João, junto ao Oceano Atlântico, na Costa Vicentina, em Agosto de 2004.

[nikon fe10; fujichrome sensia 100; digitalizado a partir de diapositivo]

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citação simples e traduzida:


“Joseph tirou o chapéu e pousou-o no colo. Tinha o cabelo despenteado e húmido e os olhos cansados. «É boa gente», disse ele. «Estou morto por chegar a casa; e tu?».
«Também.» E disse, de repente: «Há ocasiões, Joseph, em que o amor pelas pessoas é forte e quente como uma grande dor.».
Ele olhou para ela, atónito com a forma que ela dera ao próprio pensamento dele. «Como pensaste tu isso, querida?»
«Não sei. Porquê?»
«Porque era o que eu estava a pensar – e há ocasiões em que as pessoas, os montes, a terra, tudo, tudo menos as estrelas, são uma e a mesma coisa; e o amor de tudo isso é forte como uma tristeza.».
«As estrelas não?»
«Não, as estrelas nunca. As estrelas são sempre uns estranhos – maus, por vezes, mas sempre estranhos. Não sentes o cheiro da erva, Elizabeth? É bom chegar a casa.»
Ela levantou o véu até ao nariz e aspirou longa e sôfregamente. Os sicómoros começavam a ficar amarelos e o chão já se cobrira das primeiras folhas caídas. A parelha meteu pela comprida estrada que escondia o rio e o sol baixava sobre as montanhas, na direcção do mar.”

[John Steinbeck, A Um Deus Desconhecido, trad. Manuel do Carmo, ed. Europa-América, 1971, p.73-74 (edição original: 1933, título: To a God Unknown)]

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“Joseph took off his hat and laid it on his lap. His hair was tangled and damp, and his eyes tired. «They are good people,» he said. «I’ll be glad to get home, won’t you?»
«Yes, I’ll be glad.» And she said suddenly, «There are some times, Joseph, when the love for people is strong and warm like a sorrow.»
He looked quickly at her in astonishment at her statement of his own thought. «How did you think that, dear?»
«I don’t know. Why?»
«Because I was thinking it at that moment – and there are times when the people and the hills and the earth, all, everything except the stars, are one, and the love of them all is strong like a sadness.»
«Not the stars, then?»
«No, never the stars. The stars are always strangers – sometimes evil, but always strangers. Smell the sage, Elizabeth. It’s good to be getting home.»
She raised her veil as high as her nose and sniffed long and hungrily. The sycamores were yellowing and already the ground was thick with the first fallen leaves. The team entered the long road that hid the river, and the sun was low over the seaward mountains.”

[John Steinbeck, To a God Unknown, ed. Penguin Books, 2000, p.58 (edição original: 1933)]

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